Augusto Leopoldo Raposo da Câmara nasceu em Ceará-Mirim (RN)
no dia 22 de agosto de 1856, filho de Manuel Leopoldo Raposo da Câmara e de
Antônia Carrilho Raposo da Câmara.
Bacharel pela Faculdade de Direito do Recife em 1880, durante
o curso foi um dos redatores do jornal O Protesto. Depois de formado, retornou
à cidade natal e filiou-se ao Partido Conservador, do qual seu pai era um dos
chefes locais, aproximando-se do chamado “grupo da Botica”, denominação dada em
referência ao lugar onde seus integrantes se reuniam. Participavam do grupo,
entre outros, Francisco Amintas da Costa Barros, Antônio de Amorim Garcia e
José Inácio Fernandes Barros, que exerceriam grande influência na política do
Rio Grande do Norte nos primeiros anos do período republicano.
Eleito deputado provincial pelo Partido Conservador para o
biênio 1882-1883, foi chefe de Polícia do Rio Grande do Norte de 1885 a 1886.
Nesse último ano foi nomeado juiz municipal e de órfãos e capelas de Natal,
cargo que ocupou até 1889.
Após a proclamação da República (15/11/1889), colaborou no
Rio Grande do Norte, jornal que circularia de 1890 a 1896 na capital potiguar.
Em 1891 foi membro da Intendência Municipal de Natal, elegendo-se em seguida
deputado à Constituinte estadual de 1891 pelo Partido Republicano do Rio Grande
do Norte. Em 1895 tornou-se procurador da República no estado, cargo que
exerceria até 1901. Em 1897, passou a integrar o Partido Republicano
Constitucional (PRC), que foi fundado naquele ano e fazia oposição à liderança
de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, principal nome da política
norte-rio-grandense nos primeiros tempos da República. Anos depois, em 1905,
participou da reorganização do PRC, assumindo a presidência da agremiação. Em
1906 tornou-se diretor do Diário de Natal, jornal de oposição ao governo
estadual, à frente do qual permaneceria até 1913
Em 1912 foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte
na legenda do PRC, tornando-se o primeiro parlamentar do partido desde sua
fundação. Em 1913, em decorrência da chamada “política das salvações” –
processo de intervenções militares desencadeado sobretudo nos estados
nordestinos, contra o poder das oligarquias, pelo presidente da República,
marechal Hermes da Fonseca (1910-1914) –, apoiou o capitão José da Penha Alves
de Sousa em sua pretensão de lançar Leônidas Hermes da Fonseca, filho do
presidente, como candidato ao governo estadual. Nesse período, todos os jornais
oposicionistas foram empastelados, inclusive o Diário de Natal.
Contudo, como o governador eleito, Ferreira Chaves, rompeu
com os herdeiros políticos de Pedro Velho e promoveu a desarticulação desse
grupo durante sua administração (1914-1918), Augusto Leopoldo da Câmara
retornou ao PRF, vindo a ocupar o cargo de secretário geral do Estado entre
1920 e 1924, no governo de Antônio José de Melo e Sousa. Em seguida, elegeu-se
vice-governador na chapa encabeçada por José Augusto Bezerra de Medeiros,
exercendo o mandato entre 1924 e 1928. Nesse período, presidiu o Congresso
Legislativo e a Constituinte estadual de 1926, função reservada ao
vice-governador.
Eleito em 1928 para ocupar uma das vagas abertas por
falecimento na Assembleia Legislativa durante a legislatura de 1927-1929, foi
reeleito deputado estadual para a legislatura que acabou dissolvida em 6 de
outubro de 1930, com a eclosão do movimento revolucionário que levou Getúlio
Vargas ao poder e fechou todos os órgãos legislativos do país. Após a Revolução
de 1930, foi diretor da Fazenda de 1931 a 1932, na interventoria de Herculino
Cascardo.
Foi também consultor jurídico do Banco do Rio Grande do
Norte, presidente da Ordem dos Advogados na seção do Rio Grande do Norte e
presidente da Caixa de Aposentadoria dos Marítimos
Faleceu no Rio de Janeiro, então capital federal, em 11 de
dezembro de 1941.
Era casado com Maria Pia Pereira, com quem teve cinco filhos,
entre os quais Mário Leopoldo Pereira da Câmara, interventor federal no Rio
Grande do Norte de 1933 a 1935 e ministro da Fazenda de 1955 a 1956. Seu sogro,
Joaquim Inácio Pereira, foi um grande comerciante em Natal e chegou a presidir
a Assembleia Legislativa nos primeiros tempos da República
RENATO AMADO PEIXOTO
FONTES: CÂM. DEP. Anais (24/8/1956, p. 354-355);
CASCUDO, L. Governo; NONATO, R. Bacharéis; SOARES, A. Dicionário; SOUZA, I.
República; SPINELLI, J. Reação